sábado, 5 de fevereiro de 2011

Para quê?

dizer o quê?
se o novelo do silêncio emparedou a exulta melopeia das marés salivantes do jasmim.
escrever o quê?
se as frágeis sílabas já não perseguem as colossais palavras que convertiam raios de lua em mel que me rebentava nos lábios.
sentir o quê?
se a imolação da dor retira as velas antes dos prantos sem que os dias possam saciar a sua sede nos sulcos do desejo.
pensar o quê?
se a noite me traz o rasto do teu rosto com um arpão na boca e um desfalque no olhar.
sonhar o quê?
se já nada se pode repetir e a genética magia da admiração perdeu o nome.
acreditar para quê?
se a jugular distância me diz que nascemos fora dos sonhos e que no teu corpo não há uma única palavra que fale de nós.
viver para quê?
Para te amar. E nada mais...

2 comentários:

  1. Nossa, esse poema é de uma profundidade imensa. Senti-o como se tivesse vida própria, como se fosse ditado pela alma. Muito lindo, emocionante! Parabéns, por inspiração tão linda! Abraço da Marina Alves.

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