terça-feira, 4 de maio de 2010

Para lá das palavras

Não, não me peças palavras
Meu príncipe das serranias
Deixa-as para os pérfidos abutres cinzentos
Que as regorgitam como víboras afiadas
Na ganância global e tubocular
Das suas existências.
Eles bem queriam voar como nós
Leves e soltos,
Receptivos à vida
Mas a matéria é pesada
E só conseguem reciclar-se
Nos próprios dejectos!
As palavras podem dar e tirar a vida
São plumas e plúmbeas
Mas não passam de palavras!...
Não, não poderei dar-te palavras
Pois uma ave não fala, sente!
Apenas terás o calor sentido entre as minhas asas
No refúgio do meu observatório de águia
Ali, mesmo ao lado do infinito…

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