quinta-feira, 13 de maio de 2010

Nego

Sou uma cor inacabada
Púrpura, sem lilás nem razão
Nego que Outubro dance para mim.
Cresço na telúrica noite até ao limite
Até ser cinza no naufrágio da visão
Nego o mar.
Não me encontro, não me perco, não existo
Dissipo-me na tragicidade da eclosão dos dias
Para fecundar a ilusão dos tempos que correm
Nego o que subsiste.
Califas partem para o norte perdido no fundo das letras
Levam-me a paz, o gume da loucura, a esteira do canto
Nego e acredito.
E tu, onde estás?...
Nega-me também!

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