domingo, 31 de julho de 2022

Esperanças

São os dedos que despregam as letras
A sua predição mais que marca
Tinta a alma
São eles que escrevem versos no teu rosto

O tempo é faminto
Transporta a poeira da civilização
Para oráculo do teu silêncio
Larga o melhor da tua vida no gadanho dos grifos

Os pés tornam-se pesados ante a intrepidez das diligências
Os olhos perdem a nitidez na exaltação da memória
Não adianta perder tempo para descodificar o que está escrito sobre a língua

A vida corre como um rio sem paragem
Leva a ferrugem da humanidade para o mar
Adia o sonho em cada impulso
Decepa toda a música sobre um céu cego

Não há condescendência com o canto da cigarra
Vive obstinado com a sua função:
A foice
Nada sobrevive
Nada sobra a não ser as mãos
Carinhosas
As mesmas que pousam na tua pele na ânsia de te dizer apenas:

Vem comigo.

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