quinta-feira, 22 de julho de 2010

Partiste de ti e de mim

Partiste de ti e de mim. Ainda é jovem o teu silêncio. E já não sei como te dizer que mil elementos te procuram. São o girassol, a pedra, a ave, a água, a noite, o trigo e a música. Coloco a boca nos astros para te dizer que sofro com esta intimidade abandonada. Diz-me que podes ignorar o cheiro da natureza que vertiginosamente se aproxima de ti. Há tanta coisa que desconheces e é tão irremediável este tempo perdido! Ser é estar nos lugares, no tempo, na alma. Ligar a tua boca à terra e os teus olhos ao sol. É deambular no tropel da cidade, é oferecer o teu corpo ao nativo solo do deserto. Nos argilosos recantos da memória sempre se pode construir uma casa divina que servirá de abrigo às sangrentas chagas dos improfícuos dias que moem a paciência. É com arte e amor que se removem os granitos que nos colam as pálpebras. E é a centelha da audácia que edifica secretos jardins povoados de rubras magnólias que inflamam o ouro do teu rosto. Que quebra a religiosa monotonia da doutrina involuntariamente herdada. Que dá alento à fulgurante e candente ondulação da vida. Ama o soberano marulhar do inexplorado e o diadema da existência acontecerá então entre a carne e o tempo…

1 comentário:

  1. O exnesplicado não se explica .
    Eu o entendo assim .
    Minha mente vagueia ,
    À procura de mim e de ti .

    Não sei onde eu estou .
    Nem para onde vou .
    Mas procuro um tempo .
    Que nem se quer começou .

    O mundo expirou .
    Nas entrenhas do meu coração.
    A noite caíu .
    Que grande esta escuridão !
    Parabéns Doutor por esta escrita do coração .
    Não há palavras para descrever esta linda troca de letras . bjs

    ResponderEliminar